segunda-feira, 23 de abril de 2012


Mergulho no "Buraco do Getúlio"

Foi neste 17 de abril de 2012 que finalmente fiz a primeira entrevista para a pesquisa no momento intitulada “Cineclubes: Cultura do Cinema Popular na Baixada Fluminense”. Confesso que foi um momento marcante, com a oportunidade de ir além das leituras sobre a temática e começar a sentir na pele o importante impacto dos cineclubes na cultura da Baixada.
       Num cantinho da Casa de Cultura de Nova Iguaçu, onde atualmente está instalado o Cineclube Buraco do Getúlio, pude bater um papo descontraído com “Bion”, um dos fundadores do Cine que vai completar em julho, seis anos de cultura e arte. O mesmo respondeu perguntas a cerca da criação do grupo, as dificuldades encontradas, as referências...
                  “E na verdade a gente não fez pensando em fazer uma atividade pra juventude, mas conseguir fazer uma coisa que nós gostássemos de estar como público também. E também tem o desejo de exibir os nossos filmes, que nós realizamos e fazer um lugar onde a gente possa escoar a nossa própria produção, além de poder rodar os filmes da Baixada, da galera (...)”  (Bion)

            Bion nos relatou ainda, que a programação do Buraco é caracterizada pela diversidade e a preocupação em valorizar os frutos da Baixada. Neste sentido, a prioridade é a exibição de filmes nacionais. O diferencial é que entre uma sessão e outra os frequentadores tem a oportunidade de libertar seu lado artístico, desta forma, há declamações de poesias, bandas, DJs, teatro, número de circo e o que criatividade e espontaneidade mandarem.
“A gente tenta fugir um pouco do padrão Globo Filmes tentando exibir outros filmes nacionais que também são produzidos mas acabam não tendo espaço na TV, enfim, no cinema aqui em Nova Iguaçu que só chega blockbuster mesmo, então é uma tentativa de mostrar outras coisas(...) não faz sentido a gente exibir aqui a mesma coisa que é exibida no shopping, tem que ter um diferencial e o diferencial é: 100% filme nacional e de longa metragem (...)” (Bion)

            Outro ponto que chamou atenção foi em relação aos papos que acontecem depois das sessões, os quais, segundo Bion, são de forma natural, assim como os comentários que normalmente ocorrem nas saídas dos cinemas convencionais por exemplo. Pelo que percebi, não há aquela formalidade: assistiu ao filme? Agora fale o que você entendeu! Todos tem seus pensamentos e anseios, mas o que se prioriza no Buraco é o prazer de se assistir um filme, sem compromisso, sem pensar no depois.
O próximo passo é participar de uma das sessões, conversar com o público, mergulhar ainda mais no Buraco do Getúlio. E não posso deixar de dizer que com esta experiência passei a associar a prática de ver um filme ao ato de ler um bom livro, ou seja, o quanto é bom ler por ler, ler por prazer, ler sem pensar no que vem depois. Fico com a sensação de liberdade e de transformação. Sendo assim, nada mais justo do que terminar esse primeiro texto do blog com o trecho do poeta Carlos Peres:
“Estou certo, que é este o caminho. Agora sei, amanhã já não serei o que sou hoje…”